
Há proa de um navio de peneidos, A navegar num doce mar de mosto, Capitão no seu posto De comando, São Leonardo vai sulcando As ondas Da eternidade, Sem pressa de chegar ao seu destino. Ancorado e feliz no cais Humano, É num antecipado desengano Que ruma em direcção ao cais divino. Lá não terá socalcos Nem vinhedos Na menina dos olhos deslumbrados; Doiros desaguados Serão charcos de luz Envelhecida; Rasos todos os montes Deixarão prolongar os horizontes Até onde se extinga a cor da vida. Por isso é devagar que se aproxima Do bem-aventurança. É lentamente que o rabelo avança Debaixo dos seus pés de marinheiro. E cada hora a mais que gasta no caminho É um sorvo a mais de cheiro A terra e o rosmaninho Miguel Torga. Um pouco mais a norte da Régua existe um lugar quase mágico, com uma paisagem deslumbrante. É o Miradouro de São Leonardo de Galafura. Onde se pode admirar os socalcos, onde a vinha se agarrou e absorveu a força da terra, para poder dar ao homem o melhor vinho do Mundo. Este era um dos locais de eleição de Miguel Torga, onde, segundo ele ia buscar muitas vezes a inspiração. Para ele, São Leonardo de Galafura, era como um barco de quilha para o ar, que a natureza voltara a meio do vale. Aí, ele respirava fundo e enchia-se com o que melhor a natureza lhe podia dar. No Miradouro de São Leonardo de Galafura, há uma capela e uma lápide, onde está escrito o poema acima citado. Este lugar é simplesmente fantástico. De lá do alto podemos admirar uma das paisagens mais belas de Portugal; vinhedos a perder de vista, em socalcos plantados, como se num belo anfitiatro observassem o magnífico Douro serpenteando calmo e faustoso agradecido por toda aquela beleza que o ladeia. Quando visito este lugar, não posso deixar de me sentir orgulhosa do nosso Portugal e das nossas gentes, gentes simples, calorosas, hospitaleiras a quem só falta sorrir um pouco mais. Como estou a falar de uma região de excelentes vinhos reconhecidos internacionalmente, quero convidar a todos que façamos um brinde à VIDA, à beleza do nosso PORTUGAL e do Valente POVO PORTUGUÊS. Um beijinho a todos Emília Pinto |
"Confiança
ResponderEliminarO que é bonito neste mundo e anima,
É ver que na vindima
De cada sonno
Fica a cepa a sonhar outra aventura...
E que a doçura
Que se não prova
Se transfigura
Numa doçura
Muito mais pura
E muito mais nova..."
Miguel Torga
Bem vinda Emília! Muito obrigada pela confiança nesta aventura. Um abraço
Estou a aprender muito, Teresa. Não conhecia esta "Confiança" de Miguel Torga nem a ligação que se nota ter com o Douro. Conhecia o poema que postei, pois já visitei várias vezes o Monte de S. Leonardo e tinha lido o poema lá na capelinha. Como sabe o meu filho mora na Régua e por isso aprendi a gostar do Douro, das vinhas e até das vindimas. São uma verdadeira festa aqui no Douro. Espero que um dia possa vir cá para irmos ver essa paisagem maravilhosa lá do alto do Monte de S. Leonardo. Um beijinho e um belo Domingo de Páscoa
EliminarEmília
Oi Emília
EliminarUma correção nesta transcrição do poema:
"É ver que na vindima
De cada sonho (e não sonno como tinha escrito por lapso)
Fica a cepa a sonhar outra aventura..."
Vou sim celebrar essa festa, Emília. Um lindo domingo de Páscoa para si também. Bjs
Bem-vinda Emília!!!
ResponderEliminarExcelente escolha!Adorei!
Beijos
Olá Ana, muito obrigada e fico contente que tenha gostado. Quero também agradecer-lhe o convite que me fez e espero poder contribuir para o sucesso do blog. Bem...sou, como diz a Teresa, uma analfabeta virtual e não sei por que ficou em verde a minha publicação; se achar conveniente, por favor troque a cor; confesso que não sei como fazer. um beijinho e espero que tenha um belo Domingo de Páscoa
EliminarEmília
Oi Emilia!
ResponderEliminarÉ lindo o que descreve.
Tive a sorte de conhecer o lugar e ler o poema.
Senti uma paz enorme ,quando fui passar um fim de semana à Regua(talvez à 3 anos atràs) Fui "empurrada", nessa altura não levei o espirito de diversão, mas vim de lá "lavada", sei que não esquecerei ,quanto me fez bem.
O ano passado subi o Douro num cruzeiro até à Régua, é de não perder ,quem tiver a possibilidade de o fazer, como é possivel tanta beleza, o olhar perde-se..naquelas quintas,todas em sucalcos.
Parabéns Emilia!
Herminia